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Especialistas explicam causas e soluções para transtornos causados por temporais no Rio




Temporal causou alagamentos, deslizamentos e 10 mortes. Prefeitura reduziu em 77% os gastos com controle de enchentes nos últimos 5 anos.

Os problemas causados pelas fortes chuvas que aconteceram no Rio de Janeiro na segunda-feira (8) e na terça-feira (9) poderiam ser evitados, segundo especialistas. Houve alagamentos, deslizamentos de terra, quedas de árvores em toda a cidade. Ao menos dez pessoas morreram em razão das chuvas.

Para o engenheiro civil Manoel Lapa, os alagamentos e deslizamentos ocorrem com frequência como resultado do entupimento das galerias, das chuvas recorrentes e da própria geografia da cidade, com matas, morros e vales.
Moradores retiram a terra após forte chuva na Zona Sul do Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1 Moradores retiram a terra após forte chuva na Zona Sul do Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Moradores retiram a terra após forte chuva na Zona Sul do Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

O engenheiro destaca pontos a serem observados pelas autoridades como fatores preventivos:

    Manutenção nas vias esburacadas e nos sistemas de drenagem
    Investimento em barragem de retenção de água nos morros para retardar a chegada da água das vias
    Reflorestamento
    Obras de prevenção e conservação

"Anos após anos, os prefeitos se dizem surpreendidos com as fortes chuvas, mas eles não investiram em galerias de águas pluviais. Mesmo que limpas, os danos ocorreriam, pois é preciso investimentos em outras coisas como tratamento do solo, para ser mais permeável e absorver mais água", avalia Manoel Lapa.

Túnel pela metade

O especialista menciona ainda o fato de que um túnel projetado para captar as águas excedentes de chuvas dos rios Rainha, dos Macacos, na Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro, do Maracanã e Joana, na região da Tijuca, só ter sido construído pela metade – se concluído, poderia ajudar a combater as cheias na região.

O projeto chegou a sair do papel na década de 1970, mas nunca foi terminado.

"Água é solução. Ela só é um problema quando não nos preparamos. As autoridades sabem exatamente o que fazer para prevenir o caos, mas o trabalho é sempre insuficiente porque pensam no imediatismo. Os recursos são alocados aos orçamentos, mas não são executados, ou porque são desviados para outras áreas ou para outros fins", aponta o engenheiro.

Deslizamento de terra no Morro da Babilônia, no Leme, no Rio de Janeiro — Foto: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

O especialista em gerenciamento de riscos Carlos Camargo diz que as categorias do Alerta Rio precisam ser revistas. Segundo ele, as três categorias ("normalidade", "atenção" e "crise") não são suficientes. Para ele, mais um nível de alerta ("urgência") deve ser acrescentado para facilitar o entendimento do cidadão.

Ele sugere ainda uma comunicação mais rápida com estabelecimentos comerciais.

"O grande problema hoje é que o simples fato do anúncio de que a cidade está numa determinada categoria não significa que as pessoas devam evitar a sair de casa, que aulas devam ser suspensas, ou que o comércio deve fechar mais cedo. Poderia ter o nível 4, mais urgente. A partir do anúncio de que a cidade está no nível 4, por exemplo, a imprensa e toda a sociedade já saberiam, automaticamente, que certos serviços estarão suspensos, que aulas não ocorrerão. Essa economia de tempo evita mortes, congestionamentos quilométricos que dificultam eventuais salvamentos", explica Camargo.

Crivella reconhece que prefeitura colocou poucas equipes nas ruas para conter estragos

Redução de 77% das despesas

Segundo levantamento feito pelo G1 no portal da transparência municipal, a Prefeitura do Rio reduziu em 77% os gastos com controle de enchentes nos últimos cinco anos. As despesas com ações para conter efeitos da chuva caíram de R$ 288 milhões, em 2013, para R$ 66 milhões, em 2018.

Embora tenha sido reduzido, o valor gasto no ano passado com o controle de enchentes foi três vezes maior que os R$ 14 milhões registrados em 2017, primeiro ano da administração Crivella.

Se forem consideradas outras ações e programas, como drenagem, saneamento e proteção de encostas, a queda foi de 58% nos últimos cinco anos. O gasto total com essas ações foi de R$ 224 milhões, em 2018, menos da metade dos R$ 531 milhões desembolsados em 2013.

Em nota, a prefeitura informou que a Geo-Rio "investiu R$ 86 milhões em obras de contenção de encosta nos dois últimos anos. Em 2017 foram R$ 26 milhões investidos em 25 obras; em 2018, R$ 60 milhões em 26 obras. Os números comprovam que a Prefeitura vem investindo em obras de contenção, aumentando em quase 60% os investimentos, mesmo em meio à crise econômica que o país e a cidade atravessam".

O comunicado diz ainda que a Geo-Rio já tem 34 obras de contenção de encostas licitadas. "Obras no valor de R$ 13.216.142, 31, mais obras de emergência por causa das chuvas de fevereiro: R$ 29.930,00 destinados a obras na Avenida Niemeyer e R$ 24.092,00 para outras localidades".

Fonte:https://g1.globo.com



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